quinta-feira, 22 de maio de 2014

Eu queria tanto ler um livro.

Há algum tempo venho pensando em  falar sobre a ausência absoluta de livros de e sobre tricô  (crochê, tapeçaria, bordado e outros que tais) escritos por brasileiros, ou se não escritos por brasileiros, ao menos traduzidos para o português do Brasil, com amostras e projetos feitos com materiais que encontramos  por aqui.
Nos últimos meses enquanto preparava o material para as aulas do 3º Congresso Brasileiro de Tricô senti esta ausência na pele.
Tudo bem que os temas que foram abordados nas aulas foram bem específicos, mas ainda assim, simplesmente não encontrei quase nada em português para usar como bibliografia,  à  exceção de um livreto lá da década de 60 publicado pela Cisne que tinha 2 parágrafos falando sobre o uso de miçangas no tricô.
Me lembro que pelas décadas de 70 até mais ou menos meados da década de 90 encontrávamos material impresso interessante nas bancas, algumas livrarias  ou em armarinhos.
Quem não se lembra do famoso livro de pontos da Editora Abril 1300 pontos de Tricot, ou de coleções traduzidas pela Editora Nova Cultural e Editora Globo.  A Ediouro tinha uns livros super legais escritos pela Ligia Begossi.
Sem falar das revistas MonTricot antigas, Figurino Tricô, Nina,  todas bem escritas, com receitas claras e fotos bem produzidas.

De quando em quando, pipoca aqui e acolá algumas tentativas de se produzir material de qualidade em Português como a coleção da Editora Abril e Revista Manequim Guia Completo do Tricô ou a tradução da Enciclopédia do Tricô (não posso dar mais detalhes porque não vi o conteúdo), mas fora isso, nada que se aproveite.
Enquanto lá fora editoras especializadas como a Interweave Press , Vogue Knitting (Soho Publishing), Unicorn Books, School Press House, XRX Books, só para citar algumas, publicam livros e mais livros sobre o assunto, sem falar das revistas ótimas, por aqui , salvo uma ou outra inciativa perdida , como citei anteriormente, não há nada de novo ou até mesmo velho no front.
O que encontramos é  uma dezena de revistas com receitas feiosas , com fotos mais feiosas ainda e conteúdo pouco ou nada expressivo.
O 'poney maldido e um certo ponto'  ainda reina soberano na maioria das nossas publicações  travestido de tricô rendado porque foi tecido com 'estaca de matar vampiro' e corda de marinheiro.....

Sei que Roma não não feita em um dia, mas me pergunto, ora pois, será que não exite nenhuma editora no Brasil interessada e capaz de produzir  material impresso de qualidade para aqueles que não falam outras línguas e que gostam de tricotar?
Talvez o mercado seja mínimo, mas uma coisa é certa, tem gente comprando livros importados sobre tricô e outras manualidades, sim.

Sei também que a produção de um livro impresso, por mais simples que seja tem um custo super alto, mas é tão prazeroso manusear um livro bonitão, de capa dura, com belas fotos e texto bem escrito....
Porque então não começar com edições digitais prá ver se a moda pega?

Ainda não temos uma identidade tricotísitica relevante no Brasil, mas temos talentos individuais como a Bia Medina,  o Felipe , a Denise, a Iris, a Clara, a Paula Nina, a Sandra, o Aloísio  e esta que lhes escreve, só para citar alguns nomes,  com muita capacidade criativa.

Alguns dos nomes citados acima são verdadeiras enciclopédias vivas das artes com duas agulhas.
Então será que não está na hora desse conhecimento ser aglutinado, perpetuado e passado adiante?
Ai como seria bom entrar numa livraria  e ver na vitrine um livro bonitão sobre tricô!
Adoro livros, e você?