sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Tricô feltrado: uma arte "desregrada"

Mais uma vez a inpiração para uma nova postagem para este espaço surgiu a partir de uma discussão num dos grupos de tricoteiras-arteiras do qual faço parte. Lendo atentamente o que foi comentado sobre os erros, acertos, desastres e vontades de desenvolver algum trabalho em tricô feltrado, de repente minha cabeça começou a fervilhar com tantas informações que eu poderia passar a quem se interessa pelo assunto. E assim, ao invés de falar para o grupo em particular, pensei em dividir com mais pessoas aquilo que aprendi em outros blogs, livros, acertos e erros pessoais.
Diferentemente da feltragem feita com a utilização de fibras de lã sem cardar (fiar) que são moldadas ou modeladas originando uma projeto, o tricô feltrado não é uma arte exata e previsível. Tricô ou crochê feltrado são 'desregrados' e quase imprevisíveis no seu tamnho final.. Porisso, dificilmente um trabalho feito em tricô ou crochê fica exatamente igual ao outro após a feltragem.
Mas afinal, o que é tricô feltrado, ou melhor, o que é feltragem?
Simplificadamente, a feltragem nada mais é que a transformação através da lavagem em água quente e compactação de fibras 100% lã (top de lã) ou fios 100% lã, num tecido grosso e resistente chamado feltro. A explicação pode parecer meio simplista, mas é só isto.
Não vou me ater a falar em feltragem de fibras pois não entendo nada do assunto. Apenas me encanto com trabalhos lindos como os da Tania Stahl de que falei na minha última postagem.

Para facilitar o entendimento do processo de feltragem de tricô (ou crochê) vou tentar explicar resumidamente o que acontece com sua arte tricotística quando você resolve 'cozinhar' a dita cuja e transformá-la num tecido.
Se você se interessou em saber o que afinal acontece com seu 'cozido' e qual o melhor caminho para obter resultados interessantes com essa técnica 'desregrada', dá uma olhada nas dicas que separei prá voces.

1. Ao tecer uma peça que será feltrada use agulhas grossas (de 8 a 10). A idéia é deixar o trabalho molenga para permitir a expansão da fibra de lã. Aqui no Brasil os fios comerciais 100% lã disponíveis no mercado são o Paratapet (Pingouin) e Tapecebem (Circulo). Recentemente descobri aqui no Brasil um pessoal lá do Rio Grande do Sul que desenvolve fios artesanais 100% lã maravilhosos. Trata-se da Fiolã que não tem loja virtual, mas aceita pedidos por email

2. Lã branca não feltra pois foi submetida a processos químicos pesados para alvejar a fibra. O crú feltra perfeitamente.

3. Cores escuras às vezes desbotam então cuidado ao misturá-las com cores claras.

4. De quando em quando encontramos o fio Paratapet na versão Eureka que é o mesmo fio, porém com irregularidades (nós ou cores fora do tom da cartela). Se você tiver dúvida sobre a composição do fio, queime com um palito de fósforo um pedacinho do mesmo. Se for 100% lã , ao queimar o fio vai exalar cheiro de cabelo queimado (lembre -se que a lã é o cabelo' de bichinhos peludos) e o resultado da queima é uma cinza que se desfaz ao ser manuseada. Se o fio apresentar mistura com fibras sintététicas, ao queimar a fibra vai cheirar a plástico queimado e o resultado da queima vira uma bolinha preta dura.

5. Ao usar água quente sobre um trabalho executado em fio 100% lã (e somente fibras naturais de origem animal), você relaxa o fio de lã (fibra) e aumenta os espaços 'vazios' entre elas. Porisso o tricô fica todo molenga e imenso. Esse relaxamento das fibras tem um limite, ou seja, espixa até um certo ponto, enche de água e aí pára. Quando se atinge o grau de saturação máximo da fibra, então é hora de começar a reduzi-los através da compressão e compactação para tranformar em 'tecido'.

6. Muita gente que feltra a mão conta que esfregou o danado do tricô até quase esfolar os dedos para conseguir a compactação das fibras.

Da teoria à prática
Dica 1: Ao invés de esfregar, comprima, aperte, esprema...o tricô molhado na água quente.
Costumo feltrar à mão deixando a peça inicialmente num molho de água bem quente (não precisa estar fervendo) com uma colher de sopa de bicarbonato de sódio (o bicarbonato de sódio neutraliza eventuais resíduos de cloro da água) por cerca de 15 minutos mexendo com uma colher de pau. A seguir dou uma enxaguada com mais água quente e coloco um pouquinho de detergente para lavar louça neutro (o amarelinho) na água. Continuo mexendo por mais alguns minuto e aí começo o processo de feltrar. Uso o rolo de macarrão e uma tábua de madeira. Retiro a peça do tanque, e comprimo a dita cuja sobre a tábua com o rolo de macarrão, rolando o mesmo em todas as direções.
Despejo mais um pouco de água quente com um pouquinho de sabão líquido e repito o processo. Na medida que você vai comprimindo a peça, dá prá acompanhar direitinho a compactação das fibras e consequentemente a feltragem. Quando a peça já feltrou direitinho, enxaguo bem com água morna, espremo a peça novamente e modelo a peça de acordo com o que foi tecido.
A princípio parece trabalhoso, mas o resultado você vê em poucos minutos.

Dica 2:
Se você não faz idéia do tamanho que sua peça ficará após a feltragem, normalmente ela encolhe mais na altura que na largura numa proporção de 35 a 40% para a altura e 25% a 20% na largura.

Dica 3
: Para feltrar a máquina o processo é quase o mesmo, se sua máquina não possui ciclo de lavagem com água quente.
Deixe a peça de molho como descrito anteriormente e depois coloque a peça dentro de um saquinho para lavar lingerie na máquina. Nivele a máquuina para ciclo baixo de entrada de água. Jogue 2 baldes de água quente (cuidado com a temperatura da água pois sua máquina pode não gostar desta súbita mudança de temperatura e você poderá danificar seu eletrodoméstico). Na verdade se a temperatura estiver ao redor de 60 graus, você vai obter um resultado perfeito e bem rápido. Acerte o ciclo de lavagem para tecidos pesados, junte algumas calças jeans ou lençois velhos. Jamais use tecidos felpudos tipo toalhas de banho. Mesmo velhas elas soltam pó e isso pode danificar seu tricô.
A cada 15 minutos cheque o andamento do processo. Ao atingir o resultado desejado, enxague com água fria e dê uma centifugada leve (ciclo para roupas finas ou delicadas) por no máximo 5 minutos, para não vincar ou deformar a peça. Uma vez feltrada, a peça não 'desfeltra' e fica muito difícil acertar a modelagem. Se sua máquina possui ciclo de lavagem com água quente, é só monitorar o andamento da feltragem de acordo com o que já foi dito anteriormente.
Dica 4:
Quando por feltrar uma bolsa ou outra peça com bordas retas, faça um alinhavo bem frouxo com fio de algodão juntando levente os 2 lados para não deformar. Ao terminar a feltragem, corte o fio e retire qualquer fiapo do fio de algodão enquanto a peça estiver molhada.
Modele sua peça e deixe secar num local bem ventilado.

Enfim, tricô ou crochê feltrados são daquelas coisas para se experimentar ao menos uma vez na vida. Alguns se apaixonam, outros odeiam. Eu simplesmente amo de paixão, e você?


Meadas de amostras de fios da Fiolã
Flores feltradas

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Jingle Bells- Olha o Natal chegando aí gente!

Adoro Natal, mas odeio a correria desenfreada para comprar presentes. Então este ano prometi a mim mesma não padecer com a Síndrome de Papai Noel (um mau humor do cão, paciência zero por causa do barulho e empurra-empurra) antecipando o máximo possível as compras e providenciando tudo o que preciso até o final de novembro.
Como nem tudo na vida gira em torno do tricô, este anos vou inovar com presentes super originais e ainda por cima exclusivos.
Uma querida amiga arteira de primeira linha nas artes da feltragem está vendendo pequenas obras de arte, pela internet e também em seu ateliê em Monte Verde - MG. Tania Stahl com suas mãos habilidosas, fibras de lã de primeira linha e um incrível padrão estético, cria coisas absolutamente divinas em feltragem molhada e feltragem com agulhas.
Só está difícil escolher o que vou comprar, pois cada peça é mais linda que a outra e ainda por cima única!
Meu coração balança por estes alfinetes para xale (shawl pin) simplesmente divinos e também pelas estolas em seda pura. Um luxo....


Além dos alfinetes e estolas, Tania cria pequenas obras de arte materializadas em vasos para flores, cachepôs, imãs para geladeira, chaveiros, fivelas para cabelo, bijouterias sofisticadas, e bolsas. Ainda bem que Tania aceita encomendas pois tenho certeza que ao receber um destes mimos, as presenteadas vai querer mais....
Também vou presentear com meus tricôs é lógico. Meu marido já me encomendou uma lista de coisinhas para as colégas do trabalho. Minha mãe sutilmente me pediu um xale que já está pronto esperando apenas para ser blocado e até gato Kim vai ganhar um cobertozinho novo .
Enfim, Natal para mim é isso, uma data para se confraternizar de fato com aqueles a quem queremos bem.



terça-feira, 4 de novembro de 2008

O tempo não pára e nem o tricô

(Este é Kim meu fiel escudeiro e gato muito amado, companheiro em todas as horas)

Quando criei este blog a mais de um ano atrás, não tinha a menor idéia qual seria a repercussão das minhas postagens e muito menos imaginava o quão trabalhoso seria manter um blog atualizado, com temas relevantes e de interesse para quem gentilmente visita este espaço.
De repente, nas últimas semanas simplesmente perdi o rumo e o ânimo de escrever. Ainda por cima fui acometida por alguns problemas de saude que minaram minhas energias. Coisa triste é de repente se ver quase imóvel numa cama.
Hoje acordei sentindo menos dores e resolvi arricar algumas tecladas, afinal, o blog não fechou e sou dura na queda....
Na minha última postagem estava falando sobre agulhas, mais precisamente kits de agulhas. Com a alta do dólar alguns destes objetos do desejo de muitas tricoteiras-arteiras se tornaram ainda mais distantes da nossa realidade, mesmo sabendo que uma boa agulha pode ajudar e muito o bom andamento de nossas artes.
Fui gentilmente avisada pela Maria Inês que o valor informado para o kit de agulhas Tulip vendido na Tricolândia era muito maior do que o praticado pela Telanipo (mais precisamente R$ 239,00 por meia dúzia de agulhas). Absurdos e discrepâncias à parte, fico a me perguntar quantas pessoas podem realmente dispor de quase metade de um salário mínimo ou mais para comprar agulhas de tricô? E a resposta é simples: uma minoria. Mas será que pelo fato de não se poder comprar estes mimos vamos ter que abrir mão de nossas artes? Claro que não.
Minhas agulhas favoritas são de metal e tenho algumas Prym-Inox alemãs que acho simplesmente imbatíveis e que eram as agulhas usadas pela mestra Elisabeth Zimmermann.
Mesmo dispondo do kit Boye ,tenho agulhas de bambú compradas no ebay que também quebram um bom galho, principalmente nos trabalhos com fios mais grossos. Além dessas agulhas, tenho ainda uma pequena coleção das agulhas circulares vendidas pela a Aslan e umas antigonas da Plastifama que vira e mexe são usadas como prentedoras de pontos.... Como não uso agulhas retas, as poucas que me restaram estão guardadas e logo serão doadas.
Atualmente meu objeto do desejo são as agulhas Prym Inox Express. Com preços bem mais acessíveis que as famosas Addi e com qualidade similar, também são em metal niquelado e com o fio de ligação bem flexível e juntas perfeitas.. Para quem se interessar elas podem ser adquiridas online em várias lojas nos USA e também na Europa. Mesmo com o dólar em alta, o custo benefício, para quem realmente quer qualidade a um preço pagável vale a pena fazer um pequeno investimento.

No mais, continuo minha busca por fios diferentes para novos projetos. Na verdade já encontrei uma alternativa muito interessante para o famoso barbante e minhas agulhas já estão tilintando no desenvolvimento de uma receita de bolsa. Os fios da H Marin prometem fazer história por sua qualidade e por seu apelo ecológico.
E para não dizer que a inpriação anda em baixa, tem receita nova no arquivo das receitas de Milady. Fire Frisson é um casaqueto top down tecido com um fio (algodão e viscose) perfeito para o nosso clima. Uma receita básica que você tecer bem rapidinho. Aproveite a idéia e use outros pontos na base do casaco. Você vai se surpreender com o resultado.