quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
O tricô e a química: fios 'quase' naturais
Sei que muita gente procura, nos inúmeros blogs de trabalhos manuais, receitas e dicas. No caso deste blog as receitas são poucas já que não tenho o hábito de anotar o passo a passo das minhas pequenas artes ou mesmo fotografá-las. Tento escrever da melhor forma possível sobre algumas coisas que acho interessantes sem contudo me aprofundar pois a intenção é apenas informar e não escrever uma tese para quem busca informação.
Por uma coincidência muito agradável, a nova edição da revista eletrônica da Aslan está veiculando um texto justamente falando sobre composição de fios para anunciar seus lançamentos.
O tema fibras e fios é fascinante e vasto e entender um pouco sobre o que que é cada um nos ajuda a escolher o que comprar.
Como disse na postagem anterior, algumas fibras como por exemplo o bambu são fibras de origem vegetal, mas para se transformarem em fios, deixam de ser 'tão naturais'.
A parte do bambu que é utilizada é a polpa do caule (aquela massinha branca) que antes de virar fio se transforma em celulose. A maneira como esta celulose será quimicamente tratada dará origem às fibras.
A produção do rayon ou viscose que são as fibras de celulose mais conhecidas entre nós tricoteiras-arteiras (também conhecidos como seda vegetal) é feita a partir de seqüência química complexa. Como ninguém vai se graduar em engenharia textil, muito resumidamente o processo consiste em: moer a celulose, adicionar soda cáustica, comprimir essa maçaroca até dissolver tudo que for sólido, filtrar e escorrer, dar um banho de ácido sulfúrico na mistura que provova a filetação, lavar e 'fiar'. Um processo 'simples' assim, mas ...
Ecológicamente incorretos os fios originados a partir desses processos químicos são macios, absorventes e apresentam um brilho natural semelhante à seda. Peças tecidas com estes fios são sempre 'geladinhas' porque não retém a transpiração.
Se você não está nem aí com o ecologicamente correto , no mercado nacional encontramos vários fios que apresentam viscose na sua composição e a Circulo importa da China o fio 100% viscose de bambú.
Ainda me resta falar sobre os fios sintéticos, mas o assunto é extenso e quase polêmico então fica pra outra hora.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
De onde vem os fios?! Continuando de onde parei...
Por algum motivo que desconheço o simples mencionar do termo 'linha' arrepia até as mais aficcionadas pelo tricô. Enquanto em países de clima frio o algodão é usado para tecer peças lindas e sofisticadas, por aqui fios de algodão são sempre lembrados e usados em larga escala apenas no crochê. Enquanto por aqui achamos que o algodão é 'pobre' deixamos de desfrutar a maciês, o brilho natural e a 'salubridade' desta fibra. Aliás as fotos e receitas que aparecem nos links anteriormente citados foram confeccionadas com o fio Natural da Circulo.
Peças tecidas com fios de algodão são muito duráveis, não fazem bolinha, não 'pinicam' e quase sempre são anti-alérgicas. Permitem a troca de calor, ou seja, deixam a transpiração do corpo 'afastada'. Por ser uma fibra absorvente é perfeita para ser usada durante o ano todo.
A industria brasileira de fios dispõem de uma gama muito boa de produtos de excelente qualidade.
Os fios Anne, Cléa, Barroco, Natural (todos da Circulo; exportados para vários países com outros nomes), Camila, Camila Fashion, Esterlina (Coats Corrente), Luna, Bella, Tropfil (Pingouin), só para citar alguns, são todos fios 100% algodão.
Sem falar dos nossos barbantes que servem para tecer lindas peças de decoração e acessórios incríveis como bolsas, chapéus e cintos. (sim, porque também se faz tricô com barbante)
A Emprapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) desenvolveu sementes de algodão que resultam em fibras naturalmente coloridas .Os fios do algodão colorido naturalmente são maravilhosamente macios e muito interessantes para o meio ambiente já que sua cultura praticamente dispensa o uso de pesticidas. Um exemplo deste fio é o Etna (quase 100% algodão).
Sem falar de outras fibras 100% vegetais maravilhosas, como o linho, o rami, o sisal e a juta.
As fibras vegetais são obtidas a partir de várias partes das plantas.
O algodão é obtido a partir das sementes, o sisal a partir das folhas, a juta, a soja e a bananeira a partir da 'pele' que envolve o caule, e o bambu * a partir da polpa do caule .
Eu ainda poderia falar sobre o , comprimento das fibras do algodão que determinam o grau de 'maciêz' e brilho do fio acabado, mas esta é uma longa história que requer um tempão de pesquisa para não falar se muita bobagem...
A estas alturas voces tricoteiras arteiras, antenadas no mercado de novidades, devem estar se perguntanto porque não falei das fibras de bambu como fio 100% natural?
Simplesmente porque a fibra de bambu para ser tranformada em fio tem que 'virar' celulose através de processos quimicos bastante complexos. E este é um assunto para ser comentado quando falar de fibras 'mistas'.
Então se você quer saber mais sobre o que o que faz você se 'apaixonar' por este ou aquele novelo, continuem prestigiando este espaço blogístico, que é feito com muito carinho para voces que me visitam.
Ainda vai rolar muita informação por aqui. E receitinhas também...
Aliás, quero pedir um carinho especial a quem estiver 'baixando' as receitas de Milady. Deixem um recadinho prá mim. Vou ficar muito feliz por saber que alguém se interessou por minhas pequenas artes.

Fotos e textos compilados e traduzidos do Wikipedia
domingo, 17 de fevereiro de 2008
De onde vem os fios?!
Alguns fabricantes ou importadores já estão em plena 'desova' de sua produção. A Aslan e a Linea Italia não perderam tempo e estão com lançamentos nos respectivos sites.
Tenho que reconhecer a minha fraqueza consumista diante de novos lançamentos. Mas como dinheiro anda escasso o jeito é tentar se controlar e analisar a real vantagem de comprar este ou aquele fio.
A recente pesquisa realizada aqui no blog mostrou que a grande maioria das pessoas que votou busca qualidade ao comprar este ou aquele material. E o que é qualidade afinal?
Pensando neste resultado achei interessante falar um pouco da composição dos fios e o que isso interfere na sua qualidade.
Sem entrar em grandes discussões técnicas sobre processos de fabricação, a grosso modo as fibras têxteis usadas na fabricação de fios podem ser classificadas em fibras 100% naturais, 100% sintéticas e mistas.
Dentro desta classificação simplificada, podemos subdividir as fibras 100% naturais em:
Fibras animais: Como o nome mesmo diz, são oriundas de 'pelos' ou 'plumas' de bichinhos peludos. Além dos bichinhos fofos e peludos há um bichinho feio que produz a seda.
A fibra animal mais conhecida entre nós mortais tricoteiras-arteiras do Brasil (Paratapet, Tapecebem, Fio Art), é a lã de carneiro ou ovelha. A lã aceita muito bem os processos químicos de tingimento, não propaga chama quando exposta ao fogo, conserva e permite a troca de calor ou transpiração. Por permitir a transpiração aquece o corpo na medida certa sem deixa aquela sensação de 'molhado' junto ao corpo. Lãs naturais devem ser lavadas a mão e em água fria, caso contrário irão 'feltrar'. Em outros países encontramos lãs conhecidas como 'Superwash' que consiste num tratamento especial durante o processo de lavagem e fiação para permitir a lavagem à máquina do produto acabado sem alterar suas formas (encolhimento por exemplo). Lãs de boa qualidade são macias e não 'pinicam' a menos que você seja terrivelmente alérgico. Quando fazem 'bolinha' você consegue removê-las facilmente sem ter que 'depilar' a peça tecida. Para quem não sabe, as bolinhas surgem quando se atrita o tecido e ele 'arrepia' provocando o empolamento das fibras.
Dentro desta classificação de fios de lã, encontramos variações na qualidade do fio em função da raças das ovelhas: merino e shetland são apenas alguns exemplos.
O mohair é a fibra oriunda dos pelos da cabra laneira da raça Angorá. Muito resistente, quase rústico, apresenta fios longos e sedosos quando fiados. Quando tecidos os fios se trasformam em peças leves, macias e muito quentes. Por se tratar de uma fibra natural permite a transpiração.
Alpaca: fibra oriunda dos pelos da Alpaca, um bichinho lindo da familia dos camelos que habita a região andina. É um fibra nobre, extremamente macia, com brilho inconfundível.







Já que falamos de fios de lã, de repente nos damos conta que eles são praticamente inexistentes no Brasil. A alegação dos fabricantes/distribuidores é que 'não temos inverno para tanto'. Tudo bem que nossos invernos não são gelados, mas alguém já ouviu falar que existem tecidos de lã para serem usados no verão? Um exemplo são os ternos de verão do estilista Armani que são confecionados com lã fria...
Felizmente para nós, reles mortais brasileiros, em breve poderemos encontrar por aqui os fios da Rio de La Plata. Para quem quiser saber do que estou falando, coloquei um arquivo especial dentro do link "As receitas de Milady" com a cartela desta maravilha. Fio 100% lã Merino, macio, quentinho, durável. Já imaginaram que prazer comprar em Reais, sem pagar frete ou imposto de importação o mesmo fio lindo que você compra quando viaja ao exterior? É ver para crer.
Ainda há muito o que falar sobre fios e fibras então...É só esperar.
Fotos e fonte de pesquisa: Wikipedia
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Olha a pesquisa aí gente....

Estranhamente, o item 'Preço' na pesquisa não recebeu quase nenhum voto até agora.
Minha idéia com estas pesquisas (que cá prá nós , deveriam ser feitas por quem fabrica ou distribui um determinado produto) é encaminha-las aos 'interessados'.
E a coisa vai rolar entre fios, agulhas, revistas, receitas veiculadas gratuitamente, etc.
Conto com a participação de todos que me visitam, afinal, não custa nada tentar ser ouvido...
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Nós e as agulhas
Quando comecei a escrever este blog fiz algumas postagens falando sobre as ferramentas do tricô apenas para ilustrar o que é importante saber para tomar coragem e pegar às agulhas.
Pois não é que há alguns dias fui surpreendida com uma pergunta sobre "qual a melhor agulha reta para alguém que quer aprender a tricotar?" Como não tinha muita referência da qualidade das agulhas retas atualmente já que uso agulhas circulares para tudo, resolvi lançar a pergunta lá no Grupo Montricot. Fiz uma enquete rápida com o Grupo e vejam algumas das respostas que recebi:
“Sei que a maioria das meninas do grupo usa agulhas circulares para tecer tudo, porém estou precisando de uma informação técnica sobre agulhas retas. Queria saber na opinião de vocês que usam agulhas plásticas qual a de melhor qualidade?
Antigamente as agulhas da Pingouin eram ótimas. Tenho exemplares com mais de 15 anos em perfeitas condições. Porém hoje em dia não tenho a menor referência.
Será que alguém pode dar alguma opinião?”
“Vixi, há muito tempo que não compro agulhas retas pois parei de usá- las.
Não tenho a mínima idéia, milady, sorry.”
estado. As que eu comprei estão com as pontas bem lisinhas e não ficam
enroscando.”
Tenho as de plásticos da Pingouin há milênios e nunca quebraram; como plástico desgasta com o uso, umas ficaram com pontas arredondadas e até mais finas... daí eu as reponho. As de metal são da Círculo, excelentes, mas eu derrubo os pontos se trabalho com lã; portanto, só
as uso com linha. As de bambu são o máximo, deslizam que é uma beleza!! mas não tenho as daqui, as minhas são de fora. “
“eu nao uso agulha reta de jeito nenhum. Nao consigo.... tenho varias, antigas que eram da minha mãe... mas so uso as circulares....”
“Se a peça que você vai fazer for branca, não use as agulhas de metal
da Corrente pois acaba ficando acinzentada.”
“Desaconsselho qqr agulha da Círculo. Um par que eu tinha ficou com uma
"cintura" logo depos da ponta e ainda trincou. Outro par começou a desgastar
naquele angulozinho onde começa a ponta, que ficou arredondado, sem contar
que a ponta está querendo soltar...”
“Minhas agulhas retas são de milnovecentosebolinha da Pingouin - sem reclamação/problema nenhum. As de metal(amo o barulhinho também) são da
Círculo - como sou "sem coordenação" os pontos fogem dela que é uma beleza.
Quanto as, as minhas são do kit Denise, que gosto prá caramba.”
“As minhas de plástico são Pingouin - muito boas, empoeiradas, do século
passado, mas inteiras, lavou-tá-novo. Tenho também umas Corrente grossas de
plástico, novas (dois anos) e com pouquíssimo uso, e delas não tenho do que
me queixar.
eletrostática cinza. Prefiro essas às Pingouin. O fio desliza mais
rapidamente, no frio e no calor.
As retas de duas pontas são Pingouin, de plástico com alma de aço, com uns
30 anos de existência - e as pontas estão esfarelando. Já perdi um jogo
inteiro de 2 mm e uma das agulhas do jogo de 2,5 mm. Procurei por toda parte
em SP e só encontrei das grossas, de 4,5 mm para cima.
Não compro agulhas Círculo; as de crochê e tapeçaria são tão ruins que não
confio mais na empresa nesse quesito.
Tenho algumas americanas (alumínio anodizado) e inglesas (aço) excelentes,
também antigas, impossíveis de encontrar por aqui e talvez nem por lá, de
tão velhas que são.”
“ Estava pensando porque ninguém falou das agulhas de plastico finas da Aslan, será que só eu fui boba de comprar?! São uma porcaria. comprei todas do numero 2,0 ao 6,5, são horríveis, algumas não tem ponta, ouras tem, mas fazem um barulhinho chato, como se o ferro de dentro estivesse solto. Até a mais grossa parece envergar com qq movimento. Mas agora já comprei, fazer o quê...
Agora descobri que as da Círculo são muuuiito melhores.
Não gosto muito das de metal porque elas sempre caem do trabalho! ainda bem
que não acontece só comigo, assim me sinto mais normal.”
“Estou apaixonada pelas agulhas de bambu que comprei no site da Aslan. Deslizam que é uma beleza e sao gostosas ao toque, e também gosto das de metal, deslizam bem mas tem que tomar cuidado pra nao perder os pontos, mas o barulhinho eu concordo é uma delicia mesmo.
circular ainda não é minha praia..... Adoro as retinhas!!!!! Elas são de
mil novecentos e vovó criança e funcionam muito bem... como novas......... "
Essa coisa de pesquisa é muito interessante... Sei que muitas empresas investem fortunas em pesquisa de opinião. Muitas delas contratam agências de publicidade especializadas em pesquisa de opinião, para ouvirem os consumidores antes de lançarem um novo produto, mudarem o layout da embalagem, etc. Infelizmente na área de fios para tricô, crochê e artesato com agulhas não tenho nenhuma informação se alguma vêz algúem se preocupou em ouvir o que queremos.
Me lembro que há uns dois ou três anos atrás, quando o tricô e o crochê voltaram com tudo ao mundo da moda (e tudo indica que voltaram para ficar entre nós por muito tempo), simplesmente não se encontrava agulha reta ou circular grossa (acima de 6,0) em lugar nenhum. A Aslan resolveu apostar na importação do produto da China, porém só importa agulhas em 2 comprimentos. (talvez por achar que agulha circular só serve pra tecer acabamento de decotes). A Pingouin, antigamente distribuia agulhas circulares com a marca Plastifama. A maioria era em metal e comprimento variava de 30cm a 1,50 metros...Tenho alguns exemplares que ainda estão em perfeitas condições de uso após muitos anos.
Outras empresas, mais recentemente também investiram na importação de agulhas, mas não tenho a menor idéia qual o critério usado para escolherem e trazerem para o Brasil este ou aquele produto lá de fora. Acredito que o preço seja o fator mais relevante. Acho que muitas empresas ainda acreditam que trabalhos manuais são coisas de segunda, de gente coitada, de vovós sem gosto... E aí nos bombardeiam com produtos 'baratinhos' e sem qualidade, quando....
Na verdade o 'baratinho' nem é tão baratinho assim . Caso você deseje comprar uma coleção completa de agulhas retas e circulares certamente acabará gastando mais do que gastaria com um Kit Denise ou um Boye Needle Master.
Como não tenho compromisso com esta ou aquela empresa, falar bem ou mal deste ou daquele produto é baseado apenas em constatações pessoais ou opiniões como as mostradas acima. Não sou dona da verdade, não sou expert em nada, e assim como muita gente dou valor ao seu rico dinheirinho.
Seria muito legal ser ouvida, só que para ser ouvida é necessário um poderoso QI (quem indique) coisa que não tenho. Mas quem sabe né....
Para quem se interessar, a partir de agora Milady vai querer saber a 'sua opinião' sobre fios, agulhas, revistas, livros e tudo que girar em torno do tricô.
Afinal, deu no New York Times que uma grande loja de departamentos não levou em consideração a opinião de uma blogueira sobre uma campanha publicitária ofensiva e aí.... a empresa ficou muito mal na fita.